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quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Reflexões da Alma



O que queremos representar para nosso próximo?

A vida é uma passagem por um espaço temporal de múltiplas possibilidades. Não me faz bem aos ouvidos uma frase que é comum se empregar, mesmo quando é expressa por almas espiritualizadas: A vida é APENAS uma passagem. Para mim, mesmo respeitando a colocação alheia - que pode ter a melhor das intenções - soa como se fosse APENAS um fardo pesado para o ser. Meu entendimento atual da vida me faz pensar que a ela é uma dádiva divina que é ofertada pelas amorosas do nosso pai celestial, para enriquecimento individual e construção coletiva deste misterioso ambiente, chamado por nós de Universo.

O sentido da vida

Imaginemos. Mesmo com a grandeza do conhecimento intelectual amealhado pelo Homem até hoje, não é possível ainda, formular ao menos uma resposta de consenso para o sentido da vida. A filosofia  propõe abordagens inúmeras. A filosofia clássica associava o sentido da vida à aquisição da felicidade, conceito por si só complexo. Para Platão, a alma imortal humana consistia de três partes: a razão, a coragem e os instintos. Apenas se essas três partes estivessem em equilíbrio e não se contradissessem mutuamente, o ser humano poderia ser feliz. Posteriormente, outros pensadores de diversas escolas filosóficas, fizeram outras colocações inclusive associando a felicidade ao conceito de paz. Nos campos dos estudos religiosos e doutrinários, buscou-se em inúmeros debates profícuos respostas a esta questão, com conclusões sempre  ligadas à associação ou comunhão do Homem, seja em matéria ou espírito, a Deus na sua altivez.
Esta questão me é muito intrigante e vez por outra vejo respostas interessantes no campo das experiências vivenciais e espirituais. Procuro absorve-las como fonte de aprendizado, eliminando o que não me parece correto e considerando o que me acalenta a alma, condição que procuro me manter como de eterno aprendiz.
Considerando, a perplexidade e a satisfação diante da doutrina espírita - que respondeu meus questionamentos sobre a imortalidade da alma, uma imagem me veio à mente, associando o sentido da vida a um conceito que eu chamaria figurativo de densidade da alma, esta parcela dinâmica do nosso ser.

A alma

A alma, em todas as abordagens, filosóficas, religiosas ou doutrinarias, é parte invisível do ser, porém não é estática, imutável. Ela pode se construir ou se corromper, dependeria do nosso crescimento individual como ser. Ela se construiria com o suceder do tempo, existências após outras ou se dilapidaria também. Haveria, porém, uma eterna movimentação divina no sentido da edificação da alma, pois Deus é sinônimo de amor e justiça. Haveria justiça em falhar e não termos chance de aprender com estas faltas, concertar onde erramos agir caridosamente praticando o bem e auxiliarmos o semelhante necessitado desta lição de amor? Isto me sugere o amadurecimento do ser, pelas vidas vividas, aonde o nosso íntimo vai lapidando nossa alma, preenchendo vazios de afeto e compreensão, criando a imagem que chamo de porosidade da alma. Cada qual tem seu invólucro para a alma, construído por uma sucessão de camadas de experiências, alegrias, dores, afetos, dificuldades, enfermidades, lutas, vitórias. Esta carapaça pode ser externalizada como bem quisermos, pois sai de nossa boca e nossas atitudes apenas o que permitimos, conscientemente ou não. Quantas vezes nós, por motivos diversos, temos que usar desta carapaça para nos defendermos? Ou para atacarmos o próximo. Os julgamentos prematuros, fonte de tantas e inebriantes batalhas humanas são a origem de muitas enfermidades, sejam da alma ou até do corpo. Temos nossas fragilidades. Nossas dificuldades. Nosso espírito sofre quando agimos de forma diferente do que pensamos ou daquilo que queremos ser. Podemos dizer isso, é o aparentar ser. Na intimidade, é que somos.

A “porosidade” da Alma

A idéia de porosidade da alma estaria associada à coleção de cavidades, causadas pelas vidas sucessivas, no recheio desta carapaça que entra em contato com o mundo de cada um. E este conceito não seria estático, pois como propôs Aristóteles, a alma é uma construção dinâmica. Chegamos ao conceito da densidade da alma. Quanto mais formos preenchendo estes buracos da alma, adquiridos ao longo do tempo, por tantas reencarnações. E principalmente quanto mais conseguirmos manter tais buracos da alma bem preenchidos, com lições de humildade, fraternidade, justiça, fé e amor, mais densa será a nossa bagagem. Seriamos somente malas pesadas para serem carregadas por outro ser, se não quiséssemos melhorar e nos colocarmos sobre rodas para amenizar o peso das faltas. Seres atormentados por lutas vividas, permaneceriam presos ao solo, como fardos tristes ao convívio mútuo. Mas aqueles que buscaram a melhora seriam almas densas preenchidas do amor e da vitória, ricos em aprendizado e ávidos por proporcionar a caridade ao próximo.
Almas iluminadas que necessitaram de poucas experiências para alcançar a elevação moral seriam, portanto leves como plumas que flutuam ao vento fresco que sopra do mar. Seres iluminados com Jesus, Gandhi, Madre Tereza de Calcutá e Buda, tem elevadíssima densidade.
Dentro deste invólucro que reveste a alma, temos então a missão profícua de trabalhar pelo preenchimento do que está contido no âmago, o verdadeiro ser. Quando nascemos, trazemos uma bagagem experimental que pode ter diversas proporções, seja na quantidade ou na qualidade.
Quem seria mais importante para Deus? Ambos. Deus não escolhe nem favorece, pois é repleto de amor incondicional.

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