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quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Paz!

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Percebi que há um senso de desânimo geral em nossa cidade. Conversando com amigos, colegas de trabalho e pessoas conhecidas que fazem parte de nossos dias ouvi relatos de que o Natal e o Ano Novo são coisas sem graça, chatas, sem motivo, etc. Percebi que este sentimento beira ao pessimismo e inunda a aura das pessoas. Lendo relatos de blogs de outros companheiros que militam na causa do bem, confirmo a minha impressão. Estamos sim, vivendo um período de transição. O mundo vive este momento. Mas o que devemos ter em mente é que a transição é para o bem. É positiva. Nosso planeta definitivamente deixará o tempo dos valores materiais para ingressar no tempo da valorização do conhecimento e do espírito.
Sugiro àqueles que tem estudado este momento mágico possam ecoar frases de ânimo e esclarecimento para que todos tenham capacidade de entender que é uma fase e que ela nos transformará. Todos seremos diferentes. Mas seriamente devemos tomar um partido. Queremos o material ou o espiritual? Queremos continuar a dar valor ao dinheiro e ao poder, seguindo a lição que tivemos desde que nos conhecemos como gente? Queremos ficar nosso tempo útil inteiramente no trabalho e gananciosamente passar por cima de nosso colegas, falar mal dos vizinhos e do seu próximo? Queremos continuar a matar o planeta, pensando em energia, empresas, bancos, politica, poluição, etc? Ou queremos valorizar as relações humanas, o entendimento, a compreensão das fraquezas humanas, a vida ecologicamente correta, o desenvolvimento sustentável, o fim das guerras, a natureza e suas flores, a poesia, o trabalho edificante, o lazer, a sabedoria, a família?

O que queremos de verdade irmãos? O que queremos ensinar para nossos filhos e alunos?

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Mandela e o Dalai Lama: expressão de paz no nosso século.

Mágicas manhãs celtas

Foto: E vamos nós neste momento descobrindo a nós mesmos... Desnudando nuances e lampejos de memória que no tempo se perdeu... Somos sim os geneticistas e Elohim  criadores de nossa vida e de nossos corpos... Hoje já foi moldado o recipiente de cristal, que acoplará nosso corpo ascensional...

Não poderia deixar de estar aqui neste canto onde concentro minhas energias de meditação.
O mundo celta é carregado de mistério e contemplação. Magia e Poder do bem são as armas da paz. Sejam bem vindos ao mundo celta.

Free Mandela! Live Madiba!



Madiba, um herói africano da igualdade e da paz, um ser universal.


Rolihlahla Dalibhunga Mandela, seu primeiro nome significa, em xhosa, algo como "agitador" - o que pode ser considerado profético - já que a expressão quer dizer, no idioma natal zulu: "aquele que ergue o galho de uma árvore".

Revolucionário da causa anti-segregacionista, mas ao ser preso por 37 anos, torna-se uma liderança política que acaba por subir ao poder e pregar a conciliação e a igualdade entre negros e brancos.

 Este é um homem digno de ser lembrado, estudado, referenciado e ter suas idéias seguidas. Quantas são suas citações merecedoras de eco? Algumas são impressionantes, pois coincidem com suas atitudes. Isso que me faz refletir. Estas almas perenes, nobres, são seres humanos comuns, também erram, mas deixam um legado muito importante. Após ser treinado para luta de guerilha, Mandela engajou na revolução pela causa negra na África do Sul, apesar de suas primeiras convicções indicarem um caminho pela luta armada, aos poucos, foi-se rendendo aos exemplos e conselhos de nobres parceiros partidários que pregavam a não-violência que foi sua marca. Se a história tenta mitificar líderes guerreiros como Alexandre, O Grande, Napoleão, Genghis Kan, entre outros, prefiro elevar a figura de líderes que preferiram o caminho da paz e da conciliação, como Gandhi, Martin Luther King Jr e John Lennon.

Sua história é muito rica e inspiradora.

Menino da nobreza tribal do povo Thembu, e do clã dos Madiba,foi preparado pela família para ocupar um cargo de chefia tribal, mais tarde recebe o nome Nelson Madela de uma professora, seguindo o costume, que dava nomes ingleses aos frequentadores de escola. 

Sobre sua aldeia natal ele escreveu, na autobiografia, que "era um lugar distante, um pequeno distrito afastado do mundo dos grandes eventos, onde a vida corria da mesma forma como há centenas de anos.

Desde menino fora preparado para ser o líder da sua tribo, mas decidiu tomar outro destino. Brincou mais tarde: "...hoje seria um chefe muito respeitado, sabe? Teria uma barriga bem grande, muitas vacas e carneiros." .

Estudou em Fort Hare, primeira universidade da África do Sul a ministrar cursos para negros. Lá os professores repetiam aos alunos: "Agora que vocês estão na Fort Hare, serão líderes de seu povo." e realmente muitos de seus alunos saíam de lá para um emprego, com renda garantida e alguma influência; apesar disto, não se ensinava como enfrentar o preconceito, a opressão racial.

Quase tornou-se líder estudantil na faculdade, após ser leito em uma passeata por melhorias internas, mas acabou desistindo após uma conversa com seu sobrinho mais velho e veterano local. O próprio reitor Kerr lhe houvesse lhe dado duas únicas opções: assumir o cargo ou sair da faculdade. Decide sair e ir para Joanesburgo.

Mandela em 1937 

Na capital passou os primeiros anos de modo errante; trabalhou como vigia numa mina, e foi despedido; era visto pelas famílias que o abrigavam como "imprestável", até que finalmente teve seu primeiro encontro com Walter Sisulu, em 1941, e que mudaria definitivamente sua vida. Sobre este encontro Sisulu diria, mais tarde: "Queríamos ser um movimento de massa, e então um dia um líder de massa entrou no meu escritório."

Sisulu consegue-lhe emprego de assistente na banca de advogados judeus Witkin, Sidelsky & Eidelman - únicos então que contratariam um negro para esse trabalho. Continua os estudos, no curso por correspondência de Bacharelado em Artes (BA) pela Universidade da África do Sul, em 1942, mesmo ano em que frequenta informalmente as reuniões do CNA. Bacharelando-se em 1943, ingressa no curso jurídico da Universidade de Witwatersrand, onde se gradua.

Mais tarde, junto a Oliver Tambo, inauguram o primeiro escritório advocatício negro do país. Nas lidas jurídicas descobre como a justiça pendia para os brancos, e as leis eram parcialmente aplicadas.

Foi apenas em Joanesburgo, quando já não era mais tratado como um garoto da nobreza tribal, e sim como mais um negro pobre do interior, que Mandela se conscientizou do abismo que separava brancos e negros no país. Foi este choque que provocou-lhe a reação de lutar contra o racismo. E o fez ingressando no Congresso Nacional Africano (CNA).

Junto a Sisulu, Oliver Tambo e outros, ainda em 1944, criam a Liga Juvenil do CNA, com sigla em inglês ANCYL. Tencionam mudar a postura subserviente do partido face aos brancos, e lançam o manifesto "Um homem, um voto" - onde denunciam que 2 milhões de brancos dominam a 8 milhões de negros, além de deterem 87% do território.

Adentra então pela atividade política. É preso em várias ocasiões e passa vários dias encarcerado; finalmente é condenado, junto a outros dezenove companheiros, com base na Lei de Repressão ao Comunismo, a uma pena de nove meses de trabalhos forçados, que é suspensa por dois anos; recebe também neste ano a primeira de várias ordens de interdição, proibindo-o de participar de atividades políticas.

Em 1957, quando tem início a tramitação do Julgamento por Traição, Mandela é um advogado bem sucedido e divorciado, tornara-se umbon vivant: frequentava restaurantes, andava num carro americano importado.

O Umkhonto we Sizwe – "Lança de uma Nação" - também conhecido pela sigla "MK", foi criado em 1961 como braço armado do CNA, tendo Mandela como primeiro comandante em chefe. Era a resposta do movimento ao Massacre de Sharpeville, no entendimento de que o apartheid não mais poderia ser combatido com a não-violência.
O líder passa a ostentar uma barba, ao estilo do guerrilheiro Ernesto Che Guevara, a vestir uniforme camuflado e dá início à campanha armada. Vivendo na clandestinidade, evita ser encontrado; seu esconderijo ficava próximo à casa de Gordon Goose e Ursula, e por diversas vezes Mandela visitava-os, à noite.
"Nós adotamos a atitude de não violência só até o ponto em que as condições o permitiram. Quando as condições foram contrárias, abandonamos imediatamente a não violência e usamos os métodos ditados pelas condições. - declararia, mais tarde.
Selo de 1988 da extinta URSS, mostra Mandela na fase revolucionária.

Enquanto seguia seu périplo pelo continente, na África do Sul a polícia continua a caçada para sua prisão; Mandela recebe da imprensa o apelido de Pimpinela Negro, numa alusão ao Pimpinela Escarlate, personagem fictício criado pela baronesa Orczy.
 Acabou preso e julgado pelo governo. Falou por quatro horas, concluindo: "Durante a minha vida, dediquei-me a essa luta do povo africano. Lutei contra a dominação branca, lutei contra a dominação negra. Acalentei o ideal de uma sociedade livre e democrática na qual as pessoas vivam juntas em harmonia e com oportunidades iguais. É um ideal para o qual espero viver e realizar. Mas, se for preciso, é um ideal pelo qual estou disposto a morrer".
Em 11 de junho de 1964 Mandela recebe uma pena de prisão perpétua. Após receber a notícia da morte de seu primeiro filho, escreve em 24 de julho ao segundo filho, Makgatho, observando que ele agora era o mais velho e responsável por manter a união familiar, com a perda do irmão; insiste para que o jovem invista na educação: "As questões que hoje agitam a humanidade exigem mentes treinadas".
O número do preso na Ilha de Robben

O partido CNA instaura uma onda de protestos no país pela libertação de Mandela e seus amigos, a reação do governo de origem branca é partir para o confronto. A situação se agrava e é instaurado o regime do Apartheid com repercussão internacional.

Em um episódio Mandela fora transferido ao isolamento, e não protestou. Segundo disse mais tarde, aproveitou o isolamento para fazer algo que iria contrariar a todos - ao CNA e os companheiros de cárcere: negociar com o governo; iria agir por conta própria, sem consultar ninguém. Mesmo prisioneiro Mandela foi homenageado mundo afora: em junho de 1983 recebe o doutorado em Direito por seu "compromisso altruísta para com os princípios de liberdade e justiça" pelo City College de Nova Iorque; neste mesmo ano é feito cidadão honorário da cidade grega de Olímpia. Mandela já era famoso pelas suas ações. 

Mandela era o preferido parta negociações, no sentido de acabar  tinha nível superior e falava africâner, aprendido na prisão. Após anos de negociações, inicialmente com o presidente Botha e posteriormente com Frederik de Klerk, seu sucessor. Em novembro de 1989, Nelson Mandela cita que de Klerk "é o mais sério e honesto dos líderes brancos com quem ele negociou."

Soltura


Em 11 de fevereiro de 1990 Mandela finalmente é solto. Uma multidão o aclama, respondendo quando no gesto de luta ergue o punho fechado. Tem fim o longo cárcere, e ele iria depois registrar o momento: "Quando me vi no meio da multidão, alcei o punho direito e estalou um clamor. Não havia podido fazer isso desde há vinte e sete anos, e me invadiu uma sensação de alegria e de força."


A 22 de Abril de 1991 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.
Em julho de 1991 é eleito presidente do CNA, e passa a empreender viagens a vários países (inclusive ao Brasil ), mostrando-se desde então verdadeiro estadista.
Em julho de 1992 um referendo entre os brancos dão ao governo, com mais de 68% de votos, o aval para as reformas e permitem a realização de uma futura constituinte.

"Ninguém nasce odiando outra pessoa por causa da cor de sua pele, da sua origem ou da sua religião. Para odiar, é preciso aprender. E, se podem aprender a odiar, as pessoas também podem aprender a amar."
Mandela


O prêmio Nobel da Paz

Em 1993 ele e de Klerk são agraciados com o Prêmio Nobel da Paz. Em seu discurso assinalou: "O valor deste prêmio que dividimos será e deve ser medido pela alegre paz que triunfamos, porque a humanidade comum que une negros e brancos em uma só raça humana teria dito a cada um de nós que devemos viver como as crianças do paraíso". Após a recepção da cerimônia de premiação, Nelson Mandela prestou homenagem a Frederik de Klerk citando que ...teve a coragem de admitir que um terrível mal tinha sido feito para o nosso país e nosso povo com a imposição do sistema apartheid.

Mandela e Klerk apertando as mãos, símbolo de conciliação

As eleições

A eleições ocorrem em 26 a 28 de abril de 1994. Mandela (e o CNA com suas 34 facções) obtém 62% dos votos, seguido pelo Partido Nacional (20%) e os zulus (com 10%).

Mandela votando em 1993

Somente a uma pessoa Mandela demonstrava desprezo como a de Klerk - ao líder zulu Mangosuthu Buthelezi, a quem considerava perigoso, capaz de levar o país a uma guerra civil, se isto lhe conviesse. Muitos ficaram surpresos, então, quando o nomeou seu ministro do Interior; o presidente queria manter o adversário bem próximo, sob sua vigilância - apesar de considerá-lo volúvel e indigno de confiança.

O governo

Muitos no país reprovam a forma como Mandela protegeu os amigos de conduta suspeita, que tiveram rápido crescimento de suas fortunas pessoais.
O renomado escritor sul-africano André Brink, contudo, faz uma leitura positiva em artigo publicado logo ao fim do mandato, e coloca Mandela como o maior nome do século XX; comparando-o a outros expoentes - como Gandhi ou Martin Luther King Jr., acentua que esses morreram sem que tivessem ocasião de experimentar o exercício do poder; outros, como Eisenhower ou Churchill, que se destacaram em momentos de guerra, não o fizeram durante a paz. Apesar dos erros, como ainvasão do Lesoto de 1998, o recrudescimento do racismo (de brancos e de negros), a corrupção e outros, ele deve ser visto como a pessoa que realmente conseguiu irmanar a todos, a ponto de tornar-se um ícone sagrado para o mundo.

Conviveu com o Arcebispo Desmond Tutu, prêmio Nobel da Paz que foi conselheiro e amigo pessoal. Quando se viu separado oficialmente de sua segunda esposa, convivia com sua terceira esposa sem se casar, e fora conselhado a oficializar a união.

Em julho de 1995 cria a Comissão da Verdade e Reconciliação, seu maior legado, sem poderes judicantes, sob presidência do arcebispo Tutu, que conclui seus trabalhos recomendando fossem processados Botha, Buthelezi e Winnie, sua segunda ex-esposa.
Um dos episódios mais marcantes de sua vida pública, por exemplo, teve relação com a seleção nacional de rúgbi, os Springboks (nome vindo de uma espécie de antílope da fauna local), esporte que Madiba, como era carinhosamente chamado pelo povo, nunca praticou. Ele mal entendia as regras, segundo o "USA Today Sports". Em 1994, após deixar a vida no cárcere, onde ficou 27 anos, Mandela percebeu que uma maneira de reduzir as diferenças ainda remanescentes do extinto Apartheid, regime racista que ficou vigente de 1948 a 1993, era usar o esporte, fazendo com que os brancos e os negros sul-africanos se unissem em uma só torcida. A distinção, contudo, era muito marcante, e ele precisou lutar muito.

Os brancos jogavam rúgbi, enquanto os negros, futebol. Há registros de que o próprio Mandela, quando jovem, era um dos opositores dos Springboks. Mas assim que conseguiu o cargo de presidente eleito pelo voto universal no país, o ex-mandatário conseguiu que a África do Sul alcançasse o direito de sediar a Copa do Mundo de rúgbi do ano seguinte. Além disso, Madiba apoiou o time, fato que incomodava tanto brancos quanto negros no início, que acabou vencendo a competição em casa sobre a Nova Zelândia. O episódio culminou no filme "Invictus", estrelado pelos atores Morgan Freeman, que interpretou Mandela, e Matt Damon, que fez o capitão dos Springboks, François Pienaar, crucial na ocasião por ter incorporado as ideias de Madiba.
francois pienaar nelson mandela 1995 (Foto: Getty Images)Mandela aperta mão de François Pienaar, em 1995 (Foto: Getty Images)
Mas nem tudo foi fácil. Muitas questões controversas nos seus casamentos foram tornadas públicas, e causando certo desconforto a opinião pública. Em julho de 1998 Mandela ordena uma intervenção militar no Lesoto, que vivia uma situação de anarquia, com saques e lutas, após eleições gerais em maio daquele ano, atitude esta considerada controversa.

A 16 de junho de 1999 tem fim seu mandato.

A aposentadoria

Mesmo aposentado não conseguiu se afastar completamente da vida política. Em 2000 Mandela foi procurado pelo milionário britânico Richard Branson e pelo músico e ativista Peter Gabriel para a criação de uma entidade que viesse a congregar estadistas de renome que não estejam mais ativos em suas funções públicas, com o objetivo colaborar na solução de problemas mundiais; em 18 de julho de 2007, data do octogésimo nono aniversário de Mandela, em Joanesburgo, foi fundada a organização The Elders, em cerimônia presidida pelo arcebispo Tutu; Mandela, por motivos de saúde, não pôde estar presente.

A copa da mundo

A realização da primeira Copa do Mundo de futebol no continente africano criou uma grande expectativa da aparição do nonagenário Mandela na cerimônia de abertura do evento, como o grande anfitrião do país-sede. mas o estado de saúde e uma tragédia familiar não permitiria.

No começo da gélida noite de domingo da final da copa, às 19h 13, o locutor anunciou a entrada de Mandela no gramado.

Ladeado pela sua terceira esposa Graça Machel e sentados num carrinho elétrico, ele acenou para o público numa aparição que durou 3 minutos; contrariando a expectativa de Joseph Blatter de que ele deveria entregar a taça ao campeão, Mandela despediu-se do dirigente na entrada dos vestiários, com seu sorriso "inimitável".


A torcida nas arquibancadas e nas ruas deu um show mostrando ao mundo que Mandela estava certo. A seleção nacional, chamada carinhosamente de Bafana-Bafana, com suas ruidosas vuvuzelas, chegou a lutar pela classificação, mas não conseguiu. Ficou uma lição de paz e alegria, mas acima de tudo do exemplo de Madiba, menos de 15 anos depois de sua soltura, brancos e negros se abraçavam por toda a África do Sul e provando que o Apartheid havia sido extinto.

Getty Images


No dia 5 de dezembro de 2013 o presidente sul-africano Jacob Zuma anunciou a morte do seu antecessor: "A nação perde seu maior líder", completando: "Ainda que soubéssemos que esse dia iria chegar, nada pode diminuir nosso sentimento de perda profunda"; declarando luto nacional e anunciando que o funeral deve ocorrer na capital, Joanesburgo, no sábado - dia 7 de dezembro, com as honras de Estado.

Madiba teria dito: "A morte é inevitável. Quando um homem fez o que considera seu dever para com seu povo e seu país, pode descansar em paz. Acredito ter feito esse esforço, e é por isso, então, que dormirei pela eternidade."

Como seu epitáfio, Mandela havia um dia declarado que gostaria de ter escrito somente: "Aqui jaz um homem que cumpriu o seu dever na Terra".

No anúncio presidencial, feito pela televisão, Zuma acentuou o papel de Mandela para seu país: "Ele está agora a descansar. Ele está agora em paz. A nossa nação perdeu o seu maior filho. O nosso povo perdeu um pai".

Siga seu caminho em paz e continue entre nós nos orientando no crescimento da igualdade entre os homens.

Fonte pública: a Wikipedia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Nelson_Mandela que contém alguns dos fatos interessantes aqui relatados. 

Free Mandela! Live Madiba!

domingo, 1 de dezembro de 2013

Oração de um trabalhador da última hora


Pai Celestial, Criador do Universo infinito e das Leis que o regulam, através das quais as mínimas estruturas 
idealizadas, com o decurso das eras incontáveis, aos poucos se apuram até chegar ao patamar de seres de magnífica evolução, confundidos, muitas vezes, pelos homens e mulheres primitivos, com Você mesmo, Pai Amorável, tal como acontece a Jesus, nosso Governador, escolhido pelas próprias qualidades intelecto-morais nunca igualadas por nenhum humano que habitou nosso mundo. Sua Vinha, sabemos, representa a oportunidade de sairmos da posição de crisálidas espirituais e nos transformarmos em falenas dignas do pincel de Rafael ou Leonardo da Vinci, através do auto aperfeiçoamento, em seguidos e inumeráveis dias de trabalho. Todavia, Pai Amado, se hoje estamos empregando relativamente bem o benefício do tempo na labuta engrandecedora, não podemos deixar de analisar o passado de trabalhadores de má vontade, quando inutilizávamos as ferramentas que nos eram disponibilizadas ou até as empregávamos para depredar a Vinha ou agredir os companheiros de trabalho, pretendendo, muitas vezes, uma hegemonia impossível e injusta sobre uma extensão do terreno que não nos pertence. 

Lendo esta belíssima prece resolvi pesquisar e encontrei no Fórum Espírita na internet um trabalho também muito interessante. Uma representação em quadrinhos da parábola do trabalhador da última hora. E junto uma análise bastante louvável que resolvi reproduzir com os devidos créditos. E como desejava o autor destas ilustrações, Marcello, no Fórum Espírita:

Muita Paz! Bom estudo!

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Marcello explica:

"Das parábolas evangélicas, algumas são de compreensão relativamente fácil, como a do bom samaritano (Lc 10:25-37) ou a do semeador (Mt 13:1-9), que o próprio Jesus explicou aos discípulos (Mt 13:18-23). Outras, porém, trazem dificuldades interpretativas consideráveis, exigindo mais meditação e maior familiaridade com o conjunto da doutrina cristã para que um sentido razoável seja alcançado. Dissemos um sentido, porque a riqueza alegórica dessas estórias contadas pelo Mestre em geral deixa aberta a possibilidade de diversas interpretações.

A parábola dos trabalhadores da última hora seguramente pertence à classe das parábolas “difíceis”, já que compara o reino dos céus, onde tudo é justiça, com uma situação aparentemente injusta: a remuneração igual a jornadas de trabalho desiguais.

Não obstante essa dificuldade central, a parábola contém, felizmente, alguns pontos mais ou menos claros, com os quais devemos principiar nossos esforços interpretativos. Trata-se de várias “pontes” que ligam os elementos da estória com o reino dos céus:

o pai de família - Deus 

a vinha – o Universo

os trabalhadores – os seres humanos

o trabalho na vinha –o trabalho no bem

as horas – qualquer período de tempo

o salário – a felicidade"

Embora nem todas as ligações sugeridas sejam triviais, acreditamos que sejam as que mais naturalmente ocorrem a quem se dedique a entender o texto evangélico. O sentido geral do ensinamento é que é difícil de apreender, dado o aparente conflito da idéia de um Deus justo com o modo pelo qual o senhor da vinha remunerou os trabalhadores. Logicamente, só temos duas opções para eliminar o conflito: ou supomos que Jesus de fato pretendeu caracterizar Deus como injusto; ou revemos nossa impressão inicial, de que o comportamento do senhor da vinha foi injusto. Ora, como a primeira alternativa é insustentável, face ao conjunto dos ensinamentos cristãos, temos de desenvolver a segunda opção. Para tanto, comecemos atentando para o seguinte:

O pai de família pagou aos trabalhadores da primeira hora exatamente o valor combinado, de modo que não os prejudicou, como ele mesmo lembrou quando eles se queixaram; 

Quanto aos demais, a parábola nada diz sobre acerto de salário, sugerindo-nos que os trabalhadores aceitaram a oferta de trabalho sem pré-condições; 

O próprio senhor da vinha justifica sua ação, dizendo que foi um ato de bondade: o denário que mandou dar aos que foram convocados mais tarde seria, pois, parte remuneração pelas horas que trabalharam e parte auxílio espontâneo. 

Assim, quando consideramos os casos separadamente vemos que em suas relações com cada grupo de obreiros o senhor nada fez de errado.

Mas mesmo nos termos em que a questão é colocada no item (c), ficamos incomodados com o fato de que o senhor distribuiu o benefício-extra desigualmente: quanto mais tarde chegaram, menor a parcela do denário correspondente à remuneração, e portanto maior a que representaria o auxílio.

Talvez seja útil transpor a questão para situações de nosso dia-a-dia. Quando saímos pela rua e damos esmolas desiguais a dois pedintes estaremos sendo injustos? Quando contribuímos, em trabalho ou dinheiro, com duas instituições de caridade, porém em maior medida a uma do que à outra, é injustiça?"

Clique aqui para ler mais: http://www.forumespirita.net/fe/estudos-mensais/trabalhadores-da-ultima-hora-39758/30






Ciência Espírita



Super 296
Capa

Espíritos existem? E reencarnação? Para alguns cientistas, sim.

São pesquisadores sérios, do mundo todo, Brasil incluído, 

que buscam provas sobre a existência da alma.

E eles já conseguiram resultados surpreendentes


por Pablo Nogueira e Carol Castro



















Você sabe como é estar morto?
Bastante gente sabe: as milhares de pessoas que passaram por uma parada cardíaca e foram ressuscitadas logo depois. O intrigante é que boa parte volta com alguma história para contar: enquanto o coração estava parado, elas se enxergaram fora do corpo. Observaram tranquilamente a sala de cirurgia, enquanto os médicos tentavam trazê-las de volta à vida.

Para alguns cientistas, isso é uma evidência séria de que a mente, consciência, é uma entidade que não depende do corpo, do cérebro, para existir. Em português claro: que aquilo que as religiões chamam de "alma" é mais do que uma questão de fé, mas uma realidade científica. Há vários brasileiros entre esses pesquisadores. Inclusive na USP, a maior universidade do país. Vamos conhecer o trabalho deles.

Abadiânia, interior de Goiás. As cenas insólitas se sucediam: João de Deus, um autodenominado "médium de cura", inseria uma pinça do tamanho de uma tesoura grande por dentro do canal do nariz de um homem, fazia uma incisão com bisturi na barriga de outro e passava objetos cortantes sobre os olhos de duas pessoas. Tudo sem anestesia.

Isso não é novidade nem para você nem para ninguém. O mais surpreendente ali era um texto afixado na parede. Era um artigo científico, intitulado "Cirurgia espiritual: uma investigação". Entre seus autores estavam membros das faculdades de medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora e da USP. Eles haviam acompanhado algumas cirurgias espirituais e avaliado os pacientes. Os acadêmicos concluíram que as intervenções e cortes não eram truques de ilusionismo. O que chamava mesmo a atenção era a proposta dos pesquisadores. Eles defendiam a necessidade de mais investigações sobre o "mundo espiritual". Eram médicos e psicólogos usando a ciência para estudar algo que sempre fora classificado sob a rubrica "Acredita quem quiser".

Boa parte dessa vertente científica surgiu no Departamento de Psiquiatria da USP. Lá foi fundado em 1999 o Programa de Saúde, Espiritualidade e Religiosidade (ProSER), que se dedica justamente a examinar os efeitos da religião na saúde das pessoas, como no caso das cirurgias mediú­nicas. O chefe do Departamento de Psiquiatria da USP, Eurípedes Miguel, explica o trabalho: "A medicina está se movendo de um eixo (que tinha como meta combater a doen­ça) para outro (que privilegia a promoção da saúde)", diz. "Estamos interessados em qualquer método que possa ajudar as pessoas, mesmo que fuja aos nossos padrões."

A coisa, porém, vai muito além disso. Uma das pesquisas do ProSER foi a de Frederico Leão. Ele buscou mensurar os efeitos das sessões mediúnicas sobre os internos de uma instituição espírita onde trabalhava como psiquiatra. O lugar abrigava pessoas com retardo mental e semanalmente voluntários espíritas realizavam sessões mediúnicas. Nelas, os médiuns diziam incorporar a consciência dos pacientes (embora estes continuassem vivos e abrigados em outras dependências).

"Encarnada" no médium a "alma" do paciente falaria pela boca dele, externando seus problemas emocionais. E a coisa funcionaria como uma espécie de terapia. Para a maioria dos cientistas, uma coisa dessas soaria como um espetáculo circense, uma farsa. Mas não para Leão. Ele quis saber se aquilo dava resultados. Então submeteu os internos a uma avaliação de seu estado geral. Leão observou 58 supostas comunicações durante as sessões mediúnicas por 6 meses. E chegou a uma conclusão nada convencionalcolocara: 55% dos pacientes que tinham passado pela terapia espírita apresentaram alguma melhora em seu estado mental depois do tratamento, contra 15% dos que não tinham passado.

Trata-se, é claro, de uma avaliação subjetiva, que leva em conta as deduções do pesquisador, que não podem ser medidas por aparelhos. Outro médico poderia ter outra opinião. Mas tratava-se de uma pesquisa científica de fato, tanto que ela foi publicada na própria revista do Instituto de Psiquiatria da USP, a mais conceituada do gênero no país. Desde 2008 Leão é médico no Instituto de Psiquiatria da USP e o atual coordenador do ProSER.

Para os críticos, no entanto, o fato de pesquisas como essas serem aceitas por uma revista científica da universidade não atestam nada. "Mesmo as melhores publicações deixam passar estudos de qualidade duvidosa", diz o matemático e psicólogo André Luzardo, presidente da Sociedade Racionalista da USP, uma organização que defende o cetismo.

Outro nome forte na ciência da espiritualidade é o do psiquiatra Alexander Almeida. Ele foi um dos autores daquele estudo sobre as cirurgias de João de Deus e hoje trabalha na Universidade Federal de Juiz de Fora coordenando o Nupes (Núcleo de Pesquisas em Espiritualidade e Saúde), onde segue desenvolvendo suas pesquisas. Uma delas, inclusive, em conjunto com uma estrela internacional da ciência do além, o inglês Sam Parnia, que estuda as chamadas "experiências de quase morte" - EQMs, no jargão dos pesquisadores.

Vida após a morte

Quando o coração para, o fluxo sanguíneo e os níveis de oxigênio no cérebro caem para quase zero em instantes. Nos próximos 10 ou 20 segundos as máquinas de eletroencefalograma não mostram nada além de uma linha reta. O cérebro não funciona. Fim.

Mas a morte tem volta. Graças aos desfibriladores, médicos podem ressuscitar pacientes que tiveram uma parada cardíaca no leito do hospital. E não falta quem volte desse estado com memórias vívidas.

O roteiro é sempre parecido. E bem conhecido. Depois de ressuscitado, o paciente diz que observou o próprio corpo do lado de fora, como se estivesse no teto do quarto do hospital, enquanto os médicos aplicavam as descargas elétricas do desfibrilador. Então eles se sentem "puxados" lá para baixo.

E voltam à vida. 

Intrigado com essas histórias, Parnia bolou um projeto para testar a veracidade delas. Em 1997, conseguiu a autorização do Hospital Geral de Southampton, onde trabalha como cardiologista, para emplacar a pesquisa. A ideia era conversar com todos os sobreviventes de paradas cardíacas do hospital, durante um ano, para saber se haviam passado por algum momento lúcido durante a morte clínica. E o principal: o médico instalou 150 placas pelo hospital, com sinais, textos e desenhos virados para cima, posicionadas de tal maneira que apenas alguém localizado no teto poderia ler. Assim, caso um paciente contasse o que havia na placa, a experiência fora do corpo estaria comprovada.

Parnia contou com a ajuda do mais célebre entre todos os que estudam o além, o neurologista Peter Fenwick. O inglês é o homem que tornou as EQMs assunto de mesa de almoço de domingo pelo mundo.

Fenwick era cético até 1985, quando, durante seu trabalho no hospital Maudsley, em Londres, teve que atender um paciente que demonstrava ansiedade extrema. O homem contou que durante uma cirurgia de cateterismo sofreu uma parada cardíaca. Enquanto os médicos tentavam ressuscitá-lo, sentiu-se puxado para fora do corpo e, do teto do quarto, pôde observar a movimentação. De repente, percebeu que estava de volta à cama do hospital. A experiência fora tão marcante que desencadeou a crise de ansiedade. "Até ter essa conversa, achava que essas coisas só aconteciam na Califórnia", brincou o médico (o estado americano sempre foi a capital mundial do consumo de alucinógenos).

Mesmo não acreditando em experiências de quase morte, Fenwick começou a buscar mais relatos. Conseguiu algumas dezenas, como o do inglês Derrick Scull. Major aposentado do exército, pai de dois filhos e funcionário de uma respeitada empresa de advocacia, tinha todas as credenciais de uma pessoa centrada e nada mística quando passou por uma experiência que mudou suas crenças. Em 1978 ele sofreu um enfarte e, após ter recebido os primeiros socorros, foi deixado numa cama de UTI. Durante a parada cardíaca, sentiu-se sair do corpo. Do canto esquerdo do teto, pôs-se a observar o próprio corpo, e reparou que estava vestido com um robe e uma máscara contra contaminação. Ao mesmo tempo, foi capaz de enxergar a esposa falando com a enfermeira, e percebeu que ela estava vestida com um tailleur vermelho. Depois, encontrou-se de novo deitado na cama. Percebeu que a esposa havia entrado na UTI e que ela estava vestindo a mesma roupa que ele havia visto "de cima". Fenwick apresentou esses relatos num documentário da BBC em 1988. E a partir dali os elementos mais comuns das EQMs, como a sensação de sair do corpo, entraram para o folclore moderno.

Parnia também colecionou histórias que pacientes lhe contavam, como a de uma mulher que, enquanto estava na forma de fantasma no teto da sala de cirurgia, viu o médico esbarrar num carrinho com instrumentos cirúrgicos, fazendo-o deslizar pela sala e se chocar contra uma parede. No dia seguinte, quando contou a ele sobre os incidentes com o carrinho, ele achou que alguma das enfermeiras tinha contado a história à paciente. Segundo ela, não tinha.

Naquela mesma época, outros médicos tocavam projetos parecidos com os de Parnia. Na Holanda, o cardiologista Pim van Lommel também estudava histórias assim. Lommel conheceu a de um homem que, em estado de coma profundo e com uma parada cardíaca no meio do processo, viu de fora do corpo a enfermeira retirar a dentadura dele e colocá-la em um carrinho especial. Uma semana depois, em fase de recuperação, ele voltou ao hospital e reconheceu uma das enfermeiras. Lembrou-se de que fora ela quem tinha retirado seus dentes e os colocado em um carrinho, com garrafas em cima e uma gaveta embaixo. Para a surpresa da enfermeira, apesar do coma, o paciente descreveu com detalhes a sala e as pessoas que participaram da operação.

Seja como for, isso são só relatos. Acredita quem quer. Justamente por isso, Parnia e Fenwick resolveram dar um passo adiante da simples coleta de casos e partiram para a experiência com placas.

Mas os resultados não foram animadores. A dupla registrou 63 ressuscitações, mas nenhum desses pacientes disse ter viajado para fora do corpo. Então as placas ficaram à toa, sem leitores em potencial.

Outro lado

Para os céticos, o resultado não poderia ser outro, mesmo que houvesse uma EQM. A maior parte dos pesquisadores entende que elas não passam de uma confusão cerebral. No momento de uma parada cardíaca, a perda de oxigênio faz com que a massa cinzenta deixe de distinguir realidade e fantasia. Ela entra em pane. Balançada pela desordem, recorre à memória de curto prazo para compreender a situa­ção. Então se depara com cenas que acabou de registrar, como a própria sala de cirurgia. A partir daí, tenta reconstruir o que está supostamente acontecendo naquele momento. Imagina o atendimento médico, a sala de operação. Então a memória nos prega uma peça. Todas as nossas lembranças registram uma visão panorâmica, como uma imagem de filme, em terceira pessoa, criando a sensação de estarmos fora do próprio corpo - quando você se lembra de um momento do passado, não visualiza exatamente o que os seus olhos registraram; enxerga o seu corpo na cena. Do lado de fora. Você se vê de costas, de lado, de frente... O cérebro é um diretor de cinema. E o seu corpo, o protagonista.

Portanto, em meio à confusão de uma parada cardíaca, a mente enxerga todas as recordações (e recriações) recentes como imagens do presente. Atribui a elas o rótulo de "realidade". É por isso que os pacientes relatariam as cenas de ressuscitação como se estivessem no teto do hospital. A experiência fora do corpo seria apenas um modelo de memória do cérebro - só que tomado como real.

Alguns pacientes contam detalhes específicos, como o caso da mulher que viu o médico se atrapalhar com o carrinho cirúrgico. Susan, porém, acredita que nesses casos a audição estaria ainda em funcionamento - já que é o último dos sentidos a ser perdido -, e a mente seria capaz de criar aquela imagem visual.

Os pesquisadores que defendem a "distinção entre mente e cérebro", no entanto, não veem grande coerência nessas teorias. Alegam que, naqueles instantes de morte, os aparelhos de eletroencefalograma não deixam dúvida: não há atividade cerebral. No entanto, outros três estudos feitos no século 21 questionam a ideia de total "desligamento" do cérebro. Sugerem que as máquinas monitoram, principalmente, a atividade na superfície do órgão. O monitor mostra a linha reta, mas outras partes mais internas podem estar em atividade. É o caso do lobo temporal, o "núcleo" do cérebro.

Um experimento em especial parece sugestivo. Os voluntários receberam estímulos elétricos na região do cérebro conhecida como giro angular direito, que é parte do lobo temporal. Com uma certa intensidade de estimulação, os voluntários disseram se sentir "como se estivessem afundando na cama". Estímulos mais fortes produziram relatos como "estou acima do meu corpo e o vejo estendido" - é que essa parte do cérebro é a responsável por delimitar a percepção sobre onde termina e corpo e onde começa o mundo exterior. Nos primeiros instantes de parada cardía­ca, então, essa região continua ligada, só que em parafuso. Daí para ela agir como nos experimentos em que está sob uma descarga forte de impulsos elétricos é um pulo.

Mas Sam Parnia, apesar de não ser brasileiro, não desiste nunca. Ele preparou uma experiência bem maior para caçar seus fantasmas. O inglês agora trabalha para recrutar hospitais pelo mundo todo que topem instalar placas pelo prédio ou apenas permitir entrevistas com os sobreviventes de paradas cardíacas.

Essa é a pesquisa que Alexander Moreira Almeida está fazendo com ele. O brasileiro é o braço direito de Parnia por aqui. Três hospitais aceitaram a parceria (Santa Casa, Hospital Universitário e Monte Sinai, todos de Juiz de Fora, a cidade de Alexander).

Fenwick também está nessa: acertou parcerias com hospitais do Reino Unido, da França e da Austrália. "Esperamos conseguir compilar 1 500 relatos de EQMs. Se alguns pacientes conseguirem relatar o texto das placas, poderemos demonstrar que a mente e o cérebro são coisas distintas", diz. Por "distinção entre mente e cérebro" entenda uma consciência que existe independentemente do corpo. Mas é só um jargão. Na rua as pessoas chamam isso de "espírito", "alma", "fantasma."

O jargão também serviu para batizar o primeiro evento brasileiro dedicado às pesquisas sobre o além, o "I Simpósio Internacional Explorando as Fronteiras da Relação Mente e Cérebro", em (de novo) Juiz de Fora. Foi um ciclo de palestras em 2010 que reuniu 9 cientistas da área, entre eles Fenwick e Alexander. Na pauta, relatos de experiências transcendentais, como as que você viu aqui, filosofia e surrealidades da física quântica (que até tem seu lado"espírita": partículas aparecem e desaparecem do nada no mundo subatômico, por exemplo, mas isso é ciência tradicional mesmo).

Bem mais fora do comum, porém, é outro assunto que estava na pauta do seminário: as pesquisas com reencarnação. Como vocês, um dos maiores especialistas nessa área, que também esteve no simpósio: Erlendur Haraldsson, do Departamento de Psicologia da Universidade da Islândia.

Reencarnação

Haraldsson passou duas décadas investigando reencarnação. Seu objeto de pesquisa são crianças que alegam terem recordações de uma vida passada. É o caso de Wael Kiman, um menino do Líbano.

A partir dos 4 anos, ele começou a dizer aos pais que seu nome, na verdade, era Rabin, que tinha sido adulto e que seus pais viviam na capital do país. Com o tempo, passou a acrescentar detalhes. Os pais da outra vida moravam numa casa perto do mar, que tinha uma varanda baixa, de onde ele costumava pular direto para a rua. Ele também tinha uma segunda casa. Mas para essa ele só podia ir de avião. Delírio? Parecia. Tempos depois, porém, os pais de Wael identificaram uma família da capital que havia perdido um filho adulto e que se chamava Rabin; então levaram o pequeno Wael para visitá-los. Durante a visita, ele apontou para uma foto do morto e disse que era sua. A casa ficava perto do porto, e tinha uma varanda baixinha. Para completar, o rapaz vivia nos EUA na época em que morreu. Ou seja: ia para sua segunda casa de... avião.

No simpósio, Haraldsson também contou a história de Tsushita Silva, uma menina do Sri Lanka que afirmava que numa outra vida tinha morado numa cidade próxima, estava grávida e havia morrido ao cair de uma ponte. O pesquisador, então, visitou a tal cidade e localizou a família de uma certa Chandra Nanayakkara, que morrera ao cair de uma ponte nos anos 70. Chandra estava grávida de 7 meses.

Outro caso é o da garota Purnima Ekanawake, do Sri Lanka. Quando ela e a mãe presenciaram um acidente no trânsito, Purnima tentou tranquilizá-la: "Não se preocupe com isso. Eu vim para você depois de um acidente também". Na vida passada, segundo ela, um ônibus a atropelara. Também disse que a antiga família fabricava incensos. Ela lembrava até da marca: Ambiga.

Os pais começaram a investigar e encontraram o dono dessa fábrica de incensos. Ele disse que seu cunhado Jinadasa tinha morrido atropelado por um ônibus. Quando levaram Purnima à casa do sujeito, ela, então com 6 anos, reconheceu o dono da fábrica como seu "cunhado". Purnima seria a reencarnação de Jinadasa. A menina também mostrou uma marca de nascença. Disse que era onde os pneus do ônibus tinham passado.

Haraldsson conheceu a garota em 1996, quando ela tinha 9 anos. Como de costume, ele entrevistou, separadamente, a garota, os familiares e os vizinhos para saber quando e como as lembranças apareceram. Investigou também se havia a possibilidade de a garota ter tido acesso àquelas informações por meios normais. Mas não existia qualquer ligação entre as famílias, e elas moravam em lugares distantes.

As evidências lhe pareceram fortes, sem armações. Haraldsson, então, investigou o acidente que matou Jinadasa. Com a permissão de um tribunal local, teve acesso ao obituário completo do rapaz. As principais fraturas foram localizadas no lado esquerdo do peito, com várias costelas quebradas, que penetraram os pulmões. A marca de nascença de Purnima fica no lado esquerdo do peito. O psicólogo islandês não tem uma teoria sobre as marcas de nascença. Mas outro pesquisador de reencarnações, o psiquiatra americano Jim Tucker, da Universidade da Virgínia, arrisca: "Sabemos, por meio de trabalhos de outras áreas, que imagens mentais podem, por vezes, produzir efeitos muito específicos no corpo. Meu pensamento é que, se a consciência sobrevive, ela carrega as imagens dos ferimentos fatais, afetando o desenvolvimento do feto", diz. De acordo com Tucker, na Índia, um terço dos casos investigados de reencarnação inclui marcas de nascença - em 18% deles, registros médicos amparam as semelhanças.

Desnecessário dizer que as pesquisas com reencarnação são severamente criticadas pela academia. Não parece ser coincidência que a esmagadora maioria dos casos estudados ocorra em países onde a crença em reencarnação é largamente disseminada, caso do Sri Lanka. Haraldsson, por exemplo, teve facilidade em encontrar casos por causa do apoio da mídia. Nos veículos de comunicação de lá, histórias de reencarnação ganham espaço de destaque. E a visita de pesquisadores como Haraldsson também. Quem tiver uma história bem contada, então, tem chance de ficar famoso - daí para surgirem fraudes elaboradas é um pulo.

Também é comum que os pesquisadores só tenham acesso a histórias assim quando os pais da criança já "encontraram" a família da outra vida dela, como no caso de Purnima. Isso complica o processo de checagem das informações. É difícil identificar quais eram as afirmações originais do suposto reencarnado e o que ele aprendeu sobre a pessoa falecida a partir do momento em que entrou em contato com a família dela.

Mais: por um lado, os informantes tendem a "esquecer" as afirmações da criança que não coincidem com a vida da pessoa que acreditam que ela foi. Por outro, colocam na boca dela informações que só foram obtidas depois, quando as duas famílias já estavam em contato.

Com tantas evidências contra, é difícil não acreditar que os pesquisadores de reencarnações, EQMs e afins se movam mais pela fé do que pela curiosidade científica. Mesmo assim, continua sendo uma forma de ciência, já que a busca é por resultados concretos. Se um dia eles vão chegar a esses resultados?

Quem viver verá. E quem morrer também.

Fonte: Superinteressante - Outubro 2011

Para saber mais 

Evidence of the Afterlife
Jeffrey Long, Harper One, 2011

What Hapens When You Die
Sam Parnia, Hay House, 2007